Liderança em tempo de crise: as pessoas em primeiro lugar; são elas que mais uma vez farão a diferença
Autor(es)
Paula Barriga
Diretora Geral
Vifor Pharma Portugal
Com a pandemia atual, sem precedentes na nossa geração, a imprevisibilidade tomou conta das nossas vidas e organizações, impondo exigências adicionais em termos de liderança, relativamente à forma como lidamos com esta nova realidade e com a necessidade de responder rapidamente aos problemas emergentes. O SARS-CoV-2 teve um impacto devastador do ponto de vista humano. A incerteza e o medo passaram a estar presentes entre todos nós, impactando naturalmente os colaboradores e os vários stakeholders nas empresas, sendo por isso necessário que o foco em termos de resposta seja primariamente ao nível das pessoas. Se as pessoas são sempre o ativo mais importante nas organizações, neste momento o cuidado a ter com elas terá necessariamente de ser redobrado.
O que se tem mostrado necessário na gestão durante esta crise não tinha um plano de resposta predefinido. Em “emergências” chamadas de rotina, poderia dizer-se que a experiência seria talvez uma das qualidades mais relevantes que os líderes poderiam trazer a uma organização. Porém, em crises imprevisíveis de grande magnitude, como a que vivemos, outras características ganham igual importância. Assim, parece ser crucial o reforço de um conjunto de valores e atitudes que, podendo parecer simples e não eliminando o impacto desta situação, têm o objetivo de ajudar as organizações e colaboradores a gerir este momento. Adicionalmente permitem olhar para o presente e para o futuro com uma perspetiva otimista. Neste contexto, a liderança positiva assume um papel ainda mais preponderante nesta nova realidade.
É fundamental que todos os colaboradores de uma organização saibam que ninguém está sozinho, que existe alguém que os ajuda e os apoia. Se há momento em que esta proximidade é importante, este é o momento! Agora mais que nunca, é importante conseguir unir equipas e colaboradores, mostrando claramente que estamos todos juntos neste novo caminho. Sendo que a pergunta a colocar é: como podemos liderar para atingir este objetivo? Trabalhar características como a resiliência é fundamental nesta crise. Como é sabido, a resiliência não tem apenas a ver com fatores intrínsecos, mas é sim dependente do que vemos acontecer ao nosso redor e da nossa relação com os outros. Líderes que praticam a sua proximidade junto das equipas ajudam a torná-las mais resilientes. Para tal, reforçar a empatia é fundamental. Cada pessoa foi e será afetada de formas específicas, e diferentes pessoas reagem de formas diferentes ao que estamos a viver. Fará então sentido que os líderes conheçam em profundidade os desafios pessoais e profissionais que os colaboradores enfrentam durante esta crise, tornando-se necessária preocupação adicional para como cada pessoa está a gerir toda esta situação e tomar as medidas correspondentes para a suportar neste caminho. Gestos muito simples, como iniciar uma reunião, mesmo que virtual, com um momento de check-in específico permitindo e reforçando a interação informal entre todos, podem ser muito relevantes e compensadores. Por outro lado, aumentar e aprofundar as interações individuais com os colaboradores será também muito importante. Se no início algumas destas ações poderão causar alguma estranheza por serem feitas remotamente, com o tempo as pessoas começam efetivamente a partilhar como se sentem e isso é fundamental. Para poder liderar melhor cada um dos nossos colaboradores, temos de saber como estes se sentem relativamente ao papel que têm na organização mas principalmente como pessoas. Se não estiverem bem, dificilmente podem trabalhar bem. Esta empatia torna tudo mais fácil e se é verdade em qualquer momento, ainda se torna mais relevante no que estamos a viver.
Por outro lado, a resiliência e a empatia não devem limitar-se à perspetiva interna das organizações, mas são também importantes para com os nossos clientes e stakeholders; atitudes que podem parecer simbólicas ou até triviais numa outra situação assumem agora um significado diferente, de contribuição, de solidariedade, numa altura em que é ainda mais importante “dizer” presente. Na Vifor Pharma Portugal, entre outras iniciativas, fazemos também questão de contribuir com donativos para a melhoria das condições em que Instituições e Profissionais de Saúde, com elevado sentido de missão e compromisso estão a combater esta pandemia, assim como para com outros, que chamados a estar na linha da frente, garantem que o impacto na sociedade e na economia é o menor possível. Enquanto organização seguimos em total alinhamento com as entidades governamentais e com elevado sentido de responsabilidade social.
Na conjuntura atual, a necessidade e tentativa de antecipar o futuro, com os elevados níveis de incerteza existentes, podem levar naturalmente a um aumento da ansiedade por parte da organização, pelo que é importante mantermo-nos também atentos a outras situações. Investir algum tempo na tomada de consciência de sucessos alcançados e objetivos atingidos, pode ajudar a melhorar os índices de autoconfiança dos colaboradores, criando uma base mais sólida para encarar com otimismo a imprevisibilidade do futuro. Naturalmente, é importante o otimismo ser doseado ou por outras palavras, existir confiança combinada com realismo. Fará assim sentido, reforçar a confiança de que a organização encontrará em conjunto uma solução para a situação que se está a viver, mas simultaneamente reconhecer a incerteza que a crise acarreta, partilhando transparentemente com a organização que não existem soluções simples para problemas de nova complexidade e que algumas respostas só vão sendo encontradas com a aprendizagem desenvolvida ao longo do processo. Fundamental é progredir nesse caminho. As organizações com um histórico de sucesso, têm todas as condições para assim continuar e portanto, passadas estas dificuldades, saberem que podem voltar a ser aquilo que sempre foram ou eventualmente tornarem-se ainda melhores se souberem aprender com as lições e também oportunidades da COVID-19.
Como sabemos, a aprendizagem leva ao crescimento e ao desenvolvimento, tornando as organizações e respetivos colaboradores melhor preparados. Esta perspetiva de aprendizagem e desenvolvimento constantes deve ser estimulada nos diversos níveis da organização, de forma a mais rapidamente poderem contribuir para encontrar respostas e soluções relativamente aos novos problemas com que nos estamos a defrontar. Para tal, é muito importante que todos estejam disponíveis para fazer este exercício de humildade, no sentido de assumir o que não sabemos e dar maior importância a essas áreas. Em momentos de mudança, como o atual, temos de testar novas formas de fazer, procurar diferentes modos de chegar aos nossos clientes, responder às necessidades do mercado e a modelos de consumo que entretanto se alteraram num momento de aceleração da transformação digital. É assim fundamental dar maior espaço à cultura do erro, assumindo-o naturalmente como parte integrante do processo de solução.
A liderança positiva é mais relevante agora que nunca e é importante que todos numa organização sejam parte contribuinte da mesma. Todos somos líderes de nós próprios e líderes na organização, tornando-se necessário combinar esta dupla capacidade: ser ao mesmo tempo exigentes connosco e para com os outros, mas também compreensivos e fazê-lo de forma equilibrada. Não perder de vista as dificuldades, mas ao mesmo tempo olhar para o futuro como uma fonte de esperança e fazer deste momento uma oportunidade para provarmos que somos capazes de sair desta crise ainda mais fortes.
Esta pandemia está a pôr à prova empresas e organizações em todos os setores. As suas consequências podem durar mais tempo do que se imaginaria. Estabelecer e reforçar os valores e atitudes adequados fará a diferença na forma como cada uma irá sair deste período. As pessoas serão uma vez mais fundamentais para ajudar as organizações a ultrapassar estes momentos. É crucial continuarem a ser a primeira prioridade! A Vifor Pharma Portugal foca-se diariamente neste objetivo.
Lisboa, 24 de Julho, 2020